A MÚSICA, AINDA FALANDO SOBRE ELA
A pergunta que se faz é: é necessário entender de música para ouvir música?
Respondendo
para melhor compreensão, com outra pergunta: é possível ter a
compreensão do que é dito em outro idioma sem conhecê-lo? NÃO!
Da
mesma forma não é possível ouvir qualquer tipo de música e
desfrutar de toda a sua complexidade sonora ou/e poética sem
minimamente entender a sua gramática e vocabulário.
A
música é uma das formulações humanas mais geniais e de
possibilidades quase infinitas e há uma menção interessante em
várias concepções religiosas de que "a música é a única
coisa humana que permanecerá no céu".
Mas o que há
para ser compreendido na música que deva e possa ser entendido pelo
ouvinte, pela pessoa comum?
Primeiramente
uma música não pode ser ouvida como alguém que coma um mexido às
duas horas da manhã chegando de algum lugar com uma enorme e
incontrolável fome. Uma música deve ser ouvida como alguém que vá
a um jantar em algum lugar, restaurante, sofisticado e que tenha a
entrada, o prato principal, a saída e toda a liturgia de um jantar
deste tipo. A diferença é que no caso do mexidão não se percebe
os sabores de cada alimento separadamente e no jantar
sofisticado cada sabor percebido na degustação é lembrado até
anos depois. A razão ou explicação é que no segundo caso se
distingue cada sabor separadamente, o mesmo deve acontecer com a
música, deve ser ouvida separados os seus elementos.
Os
elementos fundamentais da Música
Em
ordem de acordo com seu surgimento histórico:
- O
RITMO
- A MELODIA
- A HARMONIA
O
RITMO
Surge
espontaneamente junto com os primeiros seres humanos possivelmente ao
bater-se as mãos, os pés no chão ou através de outras batidas e
estalos corporais.
O Ritmo é a parte mais primitiva da
música e menos criativa. Baseia-se somente na divisão e subdivisão
consequente dos tempos musicais gerando os compassos. A única
variação sempre recursiva é dos timbres mais graves ou mais
agudos, trocando-se e alternando-se elementos percussivos tocados por
um instrumentista.
Embora seja o mais primitivo é a única
execução que praticamente não admite erros e que antes dos demais
instrumentos e o próprio canto os demais músicos devem estar
atentos e sujeitar-se em todo o tempo a ele.
A
MELODIA
A
melodia surge em decorrência do discurso e da fala humana. A melodia
sempre tem um caráter narrativo, com algo que é expresso antes e
algo que venha a seguir complementando ou contradizendo o que foi
dito antes. Esta forma de construção da melodia é encontrado em
todo fraseado instrumental e vocal e fonte para percepção e atenção
em qualquer obra musical. A melodia surge posteriormente a percepção
do ritmo como algo factível e consiste em um avanço considerável
na criação e composição musical não sendo tão fácil de ser
criada e quase sempre formulada na base da experimentação, ensaio e
erro.
A
HARMONIA
A
harmonia é a parte mais sofisticada da música com regras,
direcionamentos, propostas e experimentações bastante complexas,
consistindo para quem conhece teoria musical, em progressões,
inversões, omissões, acréscimos, substituições e possibilidades
múltiplas. É a única área ou elemento fundamental da música que
oferece ainda hoje na atualidade vasta experimentação e
teorização.
Assim posto, ao ouvir qualquer peça musical
deve-se antes de qualquer crítica de valor uma análise funcional da
obra musical, ouvindo-se separadamente cada um de seus elementos
básicos. Desta forma uma peça musical pode ser muito boa
ritmicamente e ruim melodicamente e harmonicamente ou o contrário:
rica melodicamente e menos sofisticada ritmicamente e
harmonicamente;ou ainda rica harmonicamente e pobre melodicamente. Do
mesmo modo pode haver peças musicais ricas musicalmente nos três
elementos, o que é fruto de uma genialidade máxima de seus
compositores e claro mais raro de ser achada.
Esta
diferença é muito fácil de ser percebida nos diferentes gêneros
musicais correntes. Alguns são mais ricos em um ou dois elementos e
pobre em outro ou em outros. O Funk original é rico no ritmo e pobre
melodicamente. A bossa nova é rica harmonicamente e melodicamente e
muito simples no ritmo.
Além disso há a modalidade
canção que é a união de uma letra com uma melodia. A letra (
poema, prosa ) é sobreposta a uma determinada melodia. Ou a melodia
nasce primeiro e uma letra é sobreposta a mesma ou uma letra é
criada e uma melodia é sobreposta à esta letra.
No
caso da canção há a possibilidade de uma peça musical ser de
qualidade e a letra não ou o contrário: a letra ser uma poesia
sofisticada e a melodia ser extremamente pobre, ruim.
É
importante afirmar que quando se aprende ouvir música a experiência
se torna mais rica, crítica e representa um crescimento pessoal para
cada um de nós, seja ouvindo qualquer peça ou obra musical.
Não
ter essa informação ou não haver desenvolvido uma habilidade de
ouvir música se traduz numa experiência desastrosa para qualquer
pessoa. Daí o ensino e o aprendizado de música desde a escola mais
básica deveria ser obrigatória, compulsória como em muitos países
no mundo e feita de maneira a não apenas constar na grade e nos
currículos e não ser classificada como são artes e educação
física como "matérias recreativas".
A seguir
vídeos com algumas obras musicais para exercício de audição e
percepção de timbres, ritmos, e formas de execução. Veja-os, ouça
e aprenda ouvir música.
Lembrando que estes vídeos podem parecer entediantes a princípio mas que não "gostar" de vê-los e ouvi-los é sintoma de pouca ou nenhuma habilidade de ouvir música realmemente. Quaquer músico de qualquer gênero musical consegue perceber e se interessar por quase qualquer peça de qualidade musical ou instrumental.
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