A TRIDIMENSIONALIDADE NO DESENHO
Muito se ouve falar em 3D, três dimensões, et, dá à fala de certas pessoas um ar de intelectualidade, modernidade, conhecimento científico, etc, mas o que é isto na prática?
*( )Como definição linguística, o espaço tridimensional é aquele que pode ser definido como tendo três dimensões, o que na prática indica relevo. Os povos da antiguidade trabalhavam com formas volumétricas, mas o estudo metódico do tema pode ser encontrado nos livros de Euclides.
A realidade é tridimensional das coisas insuperavelmente grandes, enormes até as minimamente pequenas como um vírus, ou neutros e prótons, incluindo nós mesmos.
Possuir três dimensões é ter os três atributos que podem ser medidos:
a= altura
l=largura
p=profundidade
Os egípcios ( cujo nome e palavra significa escuro" ) constituíram a primeira grande civilização humana que inclusive nos legaram tantas contribuições importantes que usamos suas descobertas até aos dias de hoje.
Foram importantes e destacados arquitetos, urbanistas, engenheiros, estrategistas militares, administradores, astrônomos, anatomistas, médicos, , economistas, agricultores, legisladores, escritores, historiadores, comerciantes, mineradores, fabricantes, joalheiros, etc, enfim geniais em tantas coisas, não conseguiam ( ou não desejavam ) representar a realidade em seus desenhos murais ou em livros, de forma tridimensional.
Mas qual a diferença entre um desenho bidimensional ( 2D ) e um tridimensional ( 3D )?
Bem primeiramente, cada um deles servem a um propósito e atendem a uma necessidade ( talvez seja esta a razão dos egípcios nunca terem se interessado em representar a realidade vista como nós todos nós sem prevemos de forma tridimensional ), significando que de acordo com a proposta e do que se deseja que o desenho comunique se prefira um ou o outro.
O que não pode é uma pessoa adulta, inteligente, não perceber a sutil diferença entre um e outro. Esta diferença de representação não é algo de uma escolha "artística", faz parte da percepção das coisas. Por exemplo é impossível compreender, ou apreender o funcionamento, o mecanismo da gravidade no universo, não apenas pelas equações mas visualmente sem conseguir ver o universo, as coisas, os planetas em "três dimensões".
A Arte tem uma relação direta com a percepção: quanto mais se percebe mais se vê, quanto menos se percebe menos se vê mas não se percebe esta falta de percepção. O resultado é que em ignora não sabe realmente o que ignora e o que perde com isto.
Durante certo tempo o conhecimento dos povos era de certa forma mais integrado ou seja: uma coisa, uma informação era colocada de forma a ser automática e naturalmente integrada as demais informações.Com o aumento de informações, o aumento do conhecimento da humanidade houve a necessidade e a solução mais fácil de dividir em gavetas cada conhecimento de forma que atualmente, às pessoas parece que é possível saber algo de forma mais profunda ignorando os demais conhecimentos e sem ligá-los, lincá-los uns aos outros. A Arte, ou as artes não consistem um grupo de conhecimento isolado e desarticulado das demais coisas e da realidade.
Algo também importante a ser relembrado é que o desenvolvimento tecnológico é exatamente proporcional à capacidade de um certo grupo humano de abstracionar a realidade. Grandes construções edificadas com soluções originais são a prova de antevisão e de tornar realidade ideias e soluções nunca antes implementadas. Daí a relação direta entre elaboração artística complexa e desenvolvimento tecnológico.
A elaboração mitológica complexa numa tentativa de explicar a realidade tem se mostrado proporcional igualmente a inventividade e organização de ideias e capacidade de grandes realizações e superações. Notem que sem entrar no mérito de verdade última e absoluta, todos os grandes impérios tiveram uma sofisticada e elaborada crença ( não confundir com grau de verdade ). Tal aconteceu com os antigos egípcios, com os babilônicos, com os persas, com os romanos e gregos e no cristianismo com a supermacia do catolicismo romano. Tal observação pode também ser estendida aos maias, astecas, chineses, hindus, sumérios e outros.
Voltando a Arte logo a percepção de algo, de um detalhe aparentemente sem importância e sutil faz uma enorme diferença acarretando com a invenção ou descoberta da perspectiva na Renascença um avanço e um alargamento de percepção que redundaria em enormes avanços científicos e tecnológicos inimagináveis sem este passo aparentemente tão simples.
A consciência tridimensional da realidade, do que somos e como as coisas são além de obrigatória se mostra extremamente necessária não só a uma geração que erroneamente parece ser inteligente escolher "o que saber" ao invés de se dar a si a oportunidade de saber o máximo sobre tudo de forma ( como os antigos ) a se ter um quadro mais completo da realidade.
Finamente a consciência e a percepção de que "a realidade" que vemos, que apreendemos pelos sentidos não é a que solidamente existe de fato. Vemos as coisas exatamente como nos convém as vermos. Mesas, cadeiras, pessoas e coisas não diminuem a media que se afastam de nós quando olhamos para elas! permanecem inequivocamente com as mesmas dimensões, com o mesmo tamanho, embora não estranhemos isto. As coisas não têm cores reais como constatamos, como as vemos em determinado momento para elas. Uma foto colorida não registra as cores reais de uma pele, de olhos ou cor de cabelos. Olhos azuis não são azuis, são iguais aos olhos castanhos ou lilases ( sim há olhos lilases! ). Ter "cultura" não é exatamente ser "diplomado", "ter educação" que nos dois casos são apenas casualidades e fatos absolutamente circunstanciais.
EXEMPLOS DE OBRAS EM QUE A REPRESENTAÇÃO EM PERSPECTIVA E TRIDIMENSIONAL FOI EMPREGADA
"Somente o ser humano desenha ( de fato ) e dá significado ao desenho que inventa ( cria )"
"O artista não trabalha, não lida, com algo conceitualmente "real", não lida com isto mas sempre atribui à sua criação algo que não é realmente verdadeiro em si mesma"
"Temos muito pouco tempo para apreender a realidade e quase sempre somos muito mal sucedidos nisto... após apreendê-la, a registramos, a reproduzimos e a idealizamos."
Helvécio S. Pereira
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