A MÚSICA EM UM MUNDO IDEAL


Se  mundo, a vida pudesse ser agora algo como é imaginado no ideal, no mais louvável, digno e admirável, como seria?


Há uma música desejável, perfeita para ser admirada e não apenas momentânea e circunstancialmente emotiva ?

Há de se lembrar primeiramente, com poucas exceções, que o desenvolvimento humano em todas as áreas raramente se dá por saltos ou inspirações arrebatadoras. A maioria das coisas que a humanidade desenvolveu concreta ou teoricamente tiveram e têm uma evolução lenta e um caminho longo e muitas vezes tortuoso. Com a música não foi diferente!

Desde antes da sua organização bem sucedida e não superada pelos gregos, pois várias culturas e povos já haviam concebido cinco notas musicais importantes a serem usadas em sua música ( como chineses há mais de cinco mil anos e povos africanos de onde vêm as famosas pentatonicas! ) passando pelos romanos, pelo cristianismo católico romano, sem o qual grande parte do desenvolvimento musical não se daria, seguido do aprimoramento e criatividade advinda da maior liberdade de criação dos protestantes há época. 

O desenvolvimento musical prossegue, ora alimentado pela fé, ora pela cultura popular e ora pela complexidade da música erudita, feita, composta e concebida por eruditos da música. Chegamos ao século XX com o surgimento da indústria do entretenimento, os meios técnicos de gravação e difusão da música gravada. 

O aluno me perguntou se poderíamos ( ou poderemos ) viver sem música ( ou sem arte ), a minha resposta que não é só minha e a que as pessoas entendidas no assunto também sabem é que a Arte e a Música como parte da grande linguagem da Arte são luxos para o ser humano ou mais exatamente aquilo que podemos ter e desfrutar sem ser absolutamente necessário.

A banda de rock brasileiro, os Titãs, erram feio ao afirmarem em uma de suas canções de protesto que "a gente não quer só comida, a gente quer diversão e arte" ( sic ).  Como em geral a maior parte dos músicos e artistas literalmente fugiram da escola é comum falarem e afirmarem verdadeiras pataquadas. Não precisamos da Arte mas podemos usá-la e a usamos constantemente para vários fins.

O uso da arte no dia a dia é legítimo mas nem sempre positivo, antes pelo contrário trás as vezes consequências não tão bons e até reprováveis. A Arte já serviu e ainda serve aos propósitos mais estranhos e pouco responsáveis, entretanto abrir mão de usá-la como linguagem alternativa e complementar as nossas complexas  necessidades de comunicação parece ser sempre uma coisa bastante óbvia.

A música também obviamente vista como um produto é sempre produzida com a intenção de agradar e angariar uma parcela de público desejada e planejadamente. Logo a música para todos os gostos ou antes todas as percepções. A quem entenda mais há um tipo de música produzida e disponível, há quem entenda menos há outro tipo de música igualmente disponível e intencionalmente produzida. Do ponto de vista dos donos da produção musical isso é apenas um detalhe. Não deveria ser para o público ouvinte e consumidor de música. Visto desse modo, tanto a produção como a audição musical deveria ser algo levado muito mais a sério driblando os sistemas que elegem e apostam em que artista e quem gênero musical lhes convenham. 

O que fazer?

Adquirir conhecimento musical e só assim pessoalmente distinguir o que realmente vale a pena e o que não vale, aquilo que lhe acrescente algo a sua vida e ao seu crescimento pessoal agregando valores louváveis aos seus próprios valores e alargando a sua visão de mundo, a sua individual cosmovisão.


Logo se o mundo, a vida não são ideais, temos que aprender como tirar melhor proveito de tudo que é produzido, nos apresentado e com o qual temos contato. Isso vale para todas as situações e coisas e claro também para as produções artísticas e especificamente, a música. 

Sabe-se hoje, concretamente que o mundo do entretenimento e particularmente da música não passa de um mundo fantasioso e irreal em que completas ilusões e fantasias são vendidas e antes impingidas ao público como uma realidade plenamente alternativa.



Por Helvécio S. Pereira

Graduado em História da Arte, desenho e plástica pela EBA /UFMG

e em pedagogia pela FAE/UEMG

Professor de duas redes públicas em Belo Horizonte Minas Gerais e ex-formador  da GPLI, ligada à Secretaria da Educação da PBH por cerca de seis anos.

Brogueiro desde 2011, professor, compositor, pintor, ilustrador e desenhista


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