ALFABETIZAÇÃO MUSICAL, O QUE É?
Quando pensamos em Arte, pensamos na Arte como linguagem. Por extensão podemos nos referir à Arte como língua. No Brasil particularmente, são faladas cento e noventa línguas, incluindo o português como língua oficial, todas as línguas indígenas, todos os dialetos e as línguas estrangeiras faladas por descendentes destas várias nações, como brasileiros descendentes de alemães, ucranianos,russos, búlgaros,árabes, israelitas, japoneses, chineses, turcos, gregos, armênios e tantos outros.
Muitas dessas línguas ainda possuem alfabetos diferentes como n ocaso dos ucranianos e russos,de gregos e de árabes, dos israelitas , dos orientais como japoneses, chineses etc, por que a Música, como língua também não a teria.
Muitas vezes temos a ideia que música só é aprendida ouvindo-a, seja cantada por alguém, tocada ou modernamente gravada. Mas a realidade é outra: não teríamos como tocar peças musicais importantes, centenárias, se elas não tivessem sido registradas quando não havia as possibilidades tecnológicas modernas que dispomos hoje.
Claro que esta maneira de registrar uma música de modo que de posse desse registro, apenas lendo-o, alguém poderia reproduzi-la fielmente como se tivesse visto uma dia ela sendo executada pelo seu autor, não surgiu e se desenvolveu de forma eficiente e totalmente satisfatória como temos hoje. Passaram-se milênios e depois mais de seis séculos até que esse processo complexo e absolutamente criativo existisse como demonstraremos nessa postagem.
Tomando ainda como analogia a língua falada, tanto a música como"língua " como a sua escrita possuem uma "gramática", um modo certo de construí-la, de usá-la e de registrá-la. Podemos mesmo dizer que antes de se tocar um instrumento musical ou mesmo cantar uma canção ou frase melódica , há de ser "alfabetizado" nessa nova língua como na sua escrita. Tanto é verdade que quando alguém escreve e lê "música" é considerado um "falante" de uma segunda ou terceira língua.
E quando começa isso? quando se "alfabetiza-se em música"?
Geralmente tão precocemente quando a alfabetização "normal", na mesma idade ou até antes , por volta de cinco, seis ou sete anos. Por que no Brasil, particularmente é diferente?
O uso da Música como linguagem implica audição e métrica. A música é essencialmente matemática e um fenômeno físico exato. Cada som corresponde a um número exato de vibrações, de ondas sonoras se movendo através de algum meio, que pode ser outra (na maioria das vezes, um meio sólido, ou mesmo líquido,água de um lago,do mar, etc.
A audição implica capacidade física de ouvir sons, ou mais exatamente os sons audíveis e agradáveis ao cérebro humano. Mas mesmo esse "ouvir" requer treinamento, desenvolvimento, percepção, educação que raramente é algo "mais natural" a maioria das pessoas.
A maioria das pessoas, na verdade, se não forem ensinadas jamais perceberão diferenças mais sutis ou mesmo relevantes entre sons e outros.
Também como a música, uma peça musical é de fato um fenômeno com incontáveis variáveis ( notas,alturas, expressões, pausas, silêncios, durações e timbres ) guardar de memória com exatidão todos esses fatos sonoros ou não, é um esforço cerebral aparentemente sobre humano. Imagine a festejada pianista chinesa, Yuja Wang, 35 que sabe de cor, vinte sinfonias? ou mesmo instrumentistas de instrumentos musicais harmônicos que têm ou devem executar ao mesmo tempo melodias e harmonias, como violonistas, pianistas, organistas?
Daí depreendemos que "aprender música" é desenvolver uma nova e importante capacidade mental ou cerebral, de maneira simples, popular, "torna alguém mais inteligente". Os resultados em qualquer população são também tecnológicos, filosóficos, espirituais, organizacionais.
O senso comum repete a crença e propala de que a chamada música clássica ou erudita é chata por não ter um ritmo constante, uma duração da peça musical premida pela tradição comercial e ser quase sempre muito mais rica em timbres e melodias o que para a pessoa média é uma dificuldade para reter e decifrar sua sonoridade.
Entretanto é notória a diferença entre que desenvolve uma compreensão para uma música mais sofisticada e quem permanece na superfície da musicalidade mais primitiva. Ou seja: o desenvolvimento para uma musicalidade mais sofisticada desenvolve outras habilidades importantes tanto sociais como psicológicas. Daí portanto que independentemente da ideologia, capitalista ou socialista, a música plena, a música erudita é incentivada e apoiada como fator de desenvolvimento de jovens e de adolescentes tanto que em países da ex URSS e mesmo na China, grandes e destacados músicos eruditos tem se revelado e se destacado grandemente no cenário musical mundial mais sofisticado.
Música e desenvolvimento
Logo se possível, é muito importante oferecer as novas gerações, o real ensino da música. Há entretanto que ensinar só, compulsoriamente como é feito as meninas na Coreia do Sul, em que tocar piano é oferecido a todas as adolescentes não faz que individualmente todos prossigam no interesse relacionado à música, seja profissionalmente ou mesmo por interesse. Há mitos casos de jovens que estudaram um instrumento, tocaram em conjuntos e orquestras e abandonaram a música. Formação instrumental sem uma imersão na cultura musical assemelha-se a criar digitadores e nunca escritores. Entretanto é melhor oferecer e oportunizar do que negar e impedir acesso e aprendizado à boa música. Sim pois há boa música e música ruim, outra coisa difícil e muitas vezes negado ideologicamente. Ou seja e também: com oferecimento do aceso a música, talentos e virtuoses são descobertos e apreciem e contribuem para o desenvolvimento humano e geral.
Embora a formação musical mais completa tenha outros componentes e não somente a notação musical ela é essencial! meu pai que tocava não profissionalmente violão clássico me disse certa vez: "não toque de ouvido, toque por música!"
Outro destaque é que um pouco diferente da alfabetização normal em que se escreve e depois se aprimora a leitura, em música se começa lendo e por último se aprende a escrever uma partitura.
A seguir alguns vídeos introduzindo a notação musical, assista-os e busque outros na mesma linha. Bom aprendizado!
Veja agora a jovem pianista ucraniana especialista em arranjos musicais de canções do rock em ação:
Helvécio S. Pereira
Graduado em Desenho,Plástica e História da Arte pela EBA/ UFMG
Graduado e Licenciado em Pedagogia pela FAE/UEMG
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